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DIA DO CINECLUBE 2022 - Texto Comemorativo de António Ribeiro de Carvalho

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António Ribeiro de Carvalho

Cineclubista desde 1958 (Cine Clube de Viseu, Cine Clube Universitário de Lisboa e Secção de Cinema do Clube Náutico de Moçâmedes, em Angola), Ribeiro de Carvalho promoveu, com vários associados, o reinício das actividades do Cine Clube de Viseu, em 1977, presidindo à Direcção durante quatro anos. Continua ligado ao CCV, como Presidente da Mesa da Assembleia Geral, sendo sócio n.º 1 e sócio honorário do Cine Clube de Viseu. Durante o período em que viveu em Angola realizou filmes documentais, como ARTE M’BALE (1972).


"Tudo o que mexe me prende a atenção e por isso o cinema foi sempre uma paixão.

Mas só comecei, de facto, a interessar-me, a procurar compreender o que era o cinema, como se fazia, porque se fazia e como se podia/devia vê-lo enquanto espectador, quando, em 1958, vi no velho Clube de Viseu, numa sessão do CINE CLUBE DE VISEU, o filme “Neighbours” (1952) de Norman Mclaren. Fiquei maravilhado com a possibilidade de se poder escrever directamente sobre a película.

Inscrevi-me logo como sócio do Cine Clube e como no ano seguinte fui estudar para Lisboa, ali me inscrevi no Cine Clube Universitário de Lisboa, que frequentei assiduamente muitos anos.

Em ambos os Cine Clubes aprendi a apreciar ciclos de cinema temáticos, ciclos de realizadores, o Neorrealismo, a Nouvelle Vague, a British New Wave e tantos, tantos cineastas de todo o Mundo que os Cine Clubes me deram a conhecer. Depois, em Angola, sempre com o “bichinho” do Cinema, ainda dinamizei uma Secção de Cinema no Clube Náutico de Moçâmedes, mas não consegui criar um Cine Clube.

Já de novo em Viseu, em 1977, conjuntamente com alguns Amigos, tentámos repor em funcionamento o CINE CLUBE DE VISEU que, mercê de vicissitudes político-partidárias, tinha cessado a sua actividade no ano anterior. Para isso foi, entre o mais, necessário reunir-se uma Assembleia Geral para eleição dos Corpos Gerentes, reocupar (com que custo) a sede, então ocupada por um Partido Político, deslocarmo-nos a Lisboa para convencer os donos do Cine Rossio (então, a única sala de cinema em Viseu) a cederem o espaço e, finalmente, retomar as actividades.

Coube-me a mim a honra de ter sido escolhido para Presidente da Direcção e foi nessa qualidade que contactei aquele que sabia ser a pessoa mais competente e mais disponível para me ajudar na tarefa, nomeadamente fornecendo-me material informativo: Henrique Alves Costa, que não só me (nos) ajudou com material informativo, como apoiou entusiasticamente o renascer do CINE CLUBE DE VISEU, o que ocorreu em 28 de Fevereiro de 1978, com a exibição do filme “Satyricon” (1969) de Federico Fellini.

Durante os dois anos seguintes entreguei-me apaixonadamente à tarefa de pôr o CINE CLUBE DE VISEU em pé, após o que me afastei da Direcção, convicto que estava que o mesmo já tinha “pernas para andar”.

E assim foi, sempre num crescendo até à bela realidade do que é o hoje o Cine Clube, criador de entusiastas amantes do cinema, fonte de permanente aparecimento de novas gerações de Cineclubistas, integrantes tantos deles das sucessivas gerações de dirigentes.

O festival “Vistacurta”, o “Cinema no Parque”, o “Cinema para as Escolas”, o “Argumento” e tantas outras iniciativas permanentes tornaram o CINE CLUBE DE VISEU incontornável e um dos mais importantes elementos impulsionadores da actividade cultural de Viseu e, perdoem a imodéstia, um marco na vida cultural/cinematográfica Portuguesa.

Mais de 50 anos volvidos da minha primeira aproximação ao Cineclubismo, é com muito orgulho que continuo ligado ao CINE CLUBE DE VISEU como Presidente da Mesa da Assembleia Geral e, por bondade dos seus sócios, seu sócio nº 1 e sócio honorário."
FPCC - Federação Portuguesa de Cineclubes | 14 Abril 2022